terça-feira, 5 de setembro de 2017

INTRODUÇÃO

      
A idade média foi considerada o período de maior influência da igreja para a humanidade. Com isso, muitos historiadores chamaram esse período de "Idade das trevas". Essa denominação veio devido a dominação religiosa ter impedido o desenvolvimento da razão, criando uma era de atraso e primitivismo. Contudo, é preciso considerar que mesmo com  tamanha influência religiosa a idade média foi um período de grandes descobertas e conquistas.

Na arte, houve uma divisão em três estilos: Bizantino, Românico e Gótico. Neles a maioria de suas obras e construções eram com base bíblica. Se tratando da questão econômica, é importante destacar que houve uma transição do feudalismo (Alta Idade Média) para o inicio do capitalismo (Baixa Idade Média). Decorrente disso houve o surgimento da classe burguesa.

Com o fim da idade média veio a idade Moderna, na qual foi o período de maior importância da razão onde a visão do mundo era centrada no indivíduo. Nela houve também o desenvolvimento do capitalismo.

Com base nesse princípio a arte foi dividida em: Proto-Renascimento (Quattrocento), Alto-Renascimento (Cinquecento),  Maneirismo e Barroco. A Arte desse período foi inspirada na arte clássica greco-romana e na observação científica da natureza.


Após abordar o conteúdo de uma forma geral, iremos nos ater apenas a três estilos: Românico, Gótico e Renascentista.

Estilo Românico


Os artistas que trabalharam nas oficinas da Corte de Carlos Magno tiveram de superar o que até então era um estilo ornamental afim de redescobrir uma tradição cultural e artística que vieram do mundo greco-romano. Os bispos e nobres que eram os novos senhores feudais, cedo começaram a afirmar o seu poderio mediante a fundação de abadias e mosteiros. O estilo em que esses edifícios foram construídos é conhecido como estilo românico.

Essa arquitetura adotou a planta basilical com cruz latina como principal tipo de planta para as igrejas. A sensação causada por essas igrejas, interna e externamente, é de uma robustez compacta, que tinham caráter sólido e pesado sendo verdadeiras fortalezas de Deus. Há algumas decorações, as janelas são poucas e estreitas, mas as paredes espessas e torres inteiriças lembram-nos as fortalezas medievais. Os telhados de madeira que tinham sido usuais nas basílicas faltava dignidade, pois muitas cidades eram invadidas e saqueadas, e, essas igrejas eram facilmente incendiadas. Logo, foram substituídos por apropriados e confiáveis telhados de pedra, a arte romana de abobodar. A abóbada das igrejas românicas era de dois tipos: a abóbada de berço e a abóbada de arestas. Ademais empregavam nas construções, arcos ou nervuras. Para isso, era preciso uma maior firmeza, então, utilizaram as paredes e pilares que eram ainda mais robustos.
Foi na França que essas igrejas começaram a ser decoradas com esculturas. Tudo o que pertencia a igreja tinha sua função definida e expressava um ideia precisa (relacionada com os ensinamentos da igreja), portanto, toda a parte ornamental presente nesse estilo nada mais é do que uma forma de catequizar. Com isso, a escultura foi inserida no espaço arquitetônico como elemento complementar. Um bom exemplo disso, seria o pórtico ou portal, no qual, apresentava em seu formato um arco triunfal romano, arco pelo ou de volta perfeita. No campo acima do dintel estava o tímpano, que recebia todo tratamento escultórico, além do capitel e dos pilares. A escultura também era encontrada em forma de relevo. A pia batismal era um bom exemplo dessa arte.

A pintura desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais através da técnica do afresco. Essa característica está ligada às formas da arquitetura, pois as grandes abóbadas e as espessas paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes superfícies, que favoreciam a pintura mural. A representação do espaço não era importante, e sim, a representação humana que ganhava faces e tipos estilizados, sem proporções anatômicas, parecendo serem mais curtas do que são na realidade. Assim como na escultura, o tema era essencialmente bíblico, ou seja, a imagem deveria evangelizar. Outra produção artística eram as iluminuras, uma pintura decorativa que era empregada no inicio dos capítulos dos pergaminhos, usavam cores intensas, como o vermelho brilhante, além de referir-se sobretudo ao efeito de douração, que seria uma decoração com ouro ou prata.

                                    

Catedral de Pisa, Itália



Estilo Gótico


Surge uma ideia revolucionária que fez as igrejas românicas parecerem desgraciosas, pesadas e obsoletas. A nova ideia nasceu na França setentrional, era o aparecimento do estilo gótico.

Esse estilo carregou algo inovador, que ao invés dos arcos de volta perfeita usados no românico, passou a ser empregado os arcos ogivais que em suas variações podiam ser pontiagudos ou até achatados, dando um ar de verticalidade, que se torna uma das principais características desse estilo por representar a grandiosidade, onde tudo se voltava para o alto, projetando-se na direção do céu. Outro aspecto importante eram que as pesadas pedras da abóboda não exerciam apenas pressão de cima para baixo, mas também para os lados. Em decorrência disso, não havia mais a necessidade de paredes tão pesadas passando a transmitir uma ideia de leveza e possibilitando assim, grandes aberturas nas quais eram ornamentadas com vitrais, sendo esta, mais uma inovação. Ademais, os arcobotantes  foram introduzidos para auxiliar na sustentação, juntamente com o contraforte. Mais um elemento arquitetônico em destaque eram as rosáceas que transmitem através da luz e da cor, o contato com a espiritualidade e a ascensão ao sagrado.

Em relação as esculturas góticas, estavam ligadas a arquitetura, porém de uma forma mais independente e com mais volume, diferentemente do românico. Os personagens eram representados de formas mais alongadas o que remetia a verticalidade, mas não deixando de ilustrar os ensinamentos da igreja. Essas obras também tendiam ao natural e eram representadas em baixo relevo sem servir de suporte para colunas.

Na pintura, os personagens eram representados com seus corpos pouco volumosos e bastante estáticos, recebiam um grande tratamento de panejamento, ou seja, cobertos por muita roupa, para dar uma ideia de movimento, normalmente com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.

                               

Giotto di Bondone- Last Judgment (1306)
 Afresco - Cappella Scrovegni, Padua 

Estilo Renascentista


Com o intuito de valorizar o saber humano, o poder da igreja foi colocado em segundo plano, ou seja, as igrejas deixaram de ser as principais tarefas dos arquitetos, passando assim, a investir nos edifícios seculares. Os arquitetos desse período investem-se de uma liberdade cada vez maior, adotando um estilo particular. Essa arquitetura recebe forte influencia da antiguidade clássica, no qual buscava-se superá-la. Tudo que era do mundo greco-romano foi aproveitado na concepção da arquitetura renascentista. A busca do ideal de beleza perfeita, a disposição ordenada dos elementos de um prédio, a utilização dos arcos de volta-perfeita, a influência da composição formal da Natureza, vista como modelo de perfeição, a singeleza das obras, a forte presença dos aspectos humanistas, a utilização sistemática da perspectiva, entre outros elementos, eram fortes elementos dessa arquitetura.

Decorrente disso, a medida em que o renascimento resgatava a antiguidade clássica, a escultura era tratada como a expressão artística que melhor representa esse estilo. Começava-se uma busca pelo realismo de fato, com a introdução da perspectiva e da proporção geométrica, destacando a figura humana, sendo assim, a escultura ganha independência, é colocada sobre uma base, e pode ser observada em diferentes ângulos. Outro aspecto importante dessa escultura era a expressão corporal, começava-se a ser empregada uma postura, sendo possível refletir os sentimentos, com isso o movimento era notório no próprio corpo, ademais, tinha-se o panejamento, sendo este um elemento secundário que era utilizado apenas para cobrir.


A pintura teve grande destaque no estilo renascentista, foi através da utilização da perspectiva, seja ela aérea ou atmosférica, que os artistas conseguem produzir suas obras com espaços reais em superfícies planas, criando uma noção de profundidade e volume, assim sendo possível separar o primeiro do segundo plano. Também foi incorporado as pinturas renascentistas o jogo de cores e a utilização da luz natural, que permitia destacar na obra os elementos mais importantes, e obscurecer os elementos secundários. Foi nesse estilo que a utilização da tinta óleo foi alavancada, permitindo um esquema de cores mais flexível e contrastantes, com um mais amplo espectro e de secagem lenta, sendo possível realizar a mistura de cores no próprio painel. Tratando de um período em que o homem estava sendo valorizado, foi possível enxergar nas obras essa representação, os retratos e cenas de famílias são comuns de serem produzidas, assim como a reprodução do natural de rostos, paisagens, fauna e flora, ademais, os temas filosóficos também foram incorporados nesse estilo, mas isso não significa dizer que os temas religiosos tenham sido eliminados. Assim como na escultura, na pintura os corpos também ganharam movimento, toque gracioso e formas definidas, juntamente com o planejamento, que recebeu contornos ondulares.



Domenico Ghirlandaio - Velho e Menino, (1480) 
Têmpera sobre painel, Museu do Louvre, Paris


Tabela comparativa dos elementos arquitetônicos 


Para melhor visualização, clique em cima da tabela.



Bibliografia: A historia da arte E.H. Gombrich

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